quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Inocência Perdida

Às vezes deito em meu divã, e fico a pensar o que vale mais a pena: bater no peito por ser um eletrodoméstico brasileiro? Ou esconder-me do mundo? Já que são inúmeras as vergonhas, da qual sou obrigado a assistir, todo santo dia neste território tupiniquim.


É que em se tratando deste humorístico país tudo pode acontecer; e o que é pior: tendo, ainda por cima, a aprovação de quem, em tese, deveria trabalhar em prol de nossa própria, e quase sempre alienada nação.


A convicção destas abismadas palavras reside, neste momento, no comportamento (a meu ver juridicamente incorreto) insano, e porque não dizer criminoso, de um jovem adulto, que baseado em uma legitimada menoridade foi capaz de usar, e abusar de sua já dissimulada inocência em nome de um racismo puramente mercadológico.


Afirmo isso, pois é no mínimo absurdo, em pleno século XXI, anos e anos após a extinção da escravidão no Brasil, acompanharmos um imaturo homem nos surpreender com a transgressora venda da negra etnia.


É contraditória a ideia de que ainda sejamos coagidos a aceitar, que seres humanos aparentemente ingênuos não possam responder por atitudes tão conscientes, quanto inconsequentes.


Ou você acha que tem idade para o indivíduo virar mau elemento?! Será que nossa conivência neste, e em tantos outros casos espalhados em nossa pátria aí afora já não teria passado dos limites do bom e ajuizado senso?


Longe de desejar castigar este mais novo delinquente, a grande verdade é que passar a mão na cabeça não apaga o mal cometido, mas demonstra, sem perceber, a cumplicidade de sempre aceitar o erro.


E viva a infringida Lei Áurea!


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