segunda-feira, 27 de maio de 2013

Conversa Pra Boi Dormir

Segundo a nossa gramática normativa, a palavra passado, ou simplesmente pretérito significa uma forma verbal que situa a sua ação em um momento anterior; em outras palavras é o estado de um tempo que já se foi sem a menor chance de retornar da mesma maneira para o seu ponto inicial.


A concordância e a certeza destas palavras não residem meramente em uma expositora aula de português. Ela vai muito além de qualquer compreensão linguística, e tenta mostrar através de suas entrelinhas, que pior que tentar consertar um erro grotesco é ter que fingir uma realidade tão absurda, quanto falsa.

Digo isto, pois não vejo como uma Comissão que se diz detentora de uma “verdade absoluta” possa contribuir na resolução de fatos, que agora não passam apenas de ocorrências tão somente cultuadas nas folhas dos livros de nossa mesquinha história.
 

Não é que não seja importante a elucidação de como, e para onde foram os corpos dos pobres reprimidos da nossa ainda velada ditadura militar; mas de que adiantaria neste momento salvar centenas de casos já perdidos, quando ainda podemos cobrar de nossas autoritárias autoridades, o descaso sofrido por quem ainda vive em meio à represália?!
 
 

Acredito que seria muito mais interessante canalizar ações que possam, de fato, recuperar vidas perdidas diariamente entre os corredores de nossas instituições presidiárias, do que se prender a uma triste lembrança de um instante já esquecido há tempos.

A violação dos nossos direitos humanos não está apenas ligada a um momento da nossa história brasileira. É preciso sensatez para perceber que ainda somos torturados, e torturadores de um velho sistema intransigente; seja por meio de impostos mal empregados, ou o que é pior: por nossa conivência, ao aceitarmos sem qualquer indagação a falta de investigações que rondam constantemente as condições subumanas vivenciadas por quem, por vezes, já pagou pelos os seus pecados.
 

Pior que deixar transparecer o que ninguém nunca vai saber é tentar esconder o que já é visível.
E viva o lero-lero! :/

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