A certeza desta afirmação não habita tão somente no
impetuoso desejo de um latente progresso, de um povo gentil já cansado de viver
às margens de sua própria marginalização, porém, no que é muito pior: na
generalização de uma afobada ordem por parte de quem nunca se quer se preocupou
com tal nobre, e respeitada equação.
Afirmo isto, pois me custa acreditar, que num país mal
acostumado a se deitar em berço esplêndido de falcatruas, e roubalheiras tenha
já, de uma hora para outra, despertado mais que depressa os seus governantes de
suas profundas, e sonolentas letargias.
Não que eu seja contra as mudanças de atitude, no
entanto, soa um pouco demais forçado tanta boa vontade, em meio a tão
pouquíssimo tempo de espera. É como se todos os nossos anos de miséria e opressão
fossem comprimidos em menos de uma semana.
Longe de tentar diminuir a encenada motivação dos
nossos figurões do poder, a mais pura verdade é que nunca em nossa biográfica narrativa
fomos tão bem representados como agora.
É espantoso, e ao mesmo tempo deprimente perceber
que nada disto teria sido forçado a acontecer se não fosse à gloriosa vontade
de reforma política oriunda de nosso unido, e fiel povo.
Mais uma vez a lógica, e a evolução de nossa espécie
nos prova que somos capazes sim (se quisermos), de alterarmos o rumo de nossas sucessivas
e, ecoadas vontades.
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