segunda-feira, 1 de julho de 2013

Domingo no Parque

Tá cansado de assistir tanta manifestação na TV? De acompanhar tanta roubalheira no Congresso Nacional? De se desviar das balas que matam os nossos pobres inocentes pelas ruas das cidades? De não saber ler? De não ter o que comer, ou com quem contar quando a sua dor chegar? Não se preocupe! Seus problemas acabaram! Chegou o sensacional título alienator tabajara! Com este sim você ficará tranquilo! Tranquilinho!


Mais do que um novo deboche já frequentemente exercitado, a carnificina destas trituradas palavras vem agora a público evidenciar como nós somos diariamente engolidos pelo desatino de nossa própria ilusão.

Como é possível pensar em comemorar um título real, em meio a um país irreal que agoniza uma avalanche de desespero social?! Será que a vale a pena mesmo se alimentar de sorrateiros 90 minutos fingindo acreditar que somente o “futebol arte” é capaz de amenizar a dor desta masoquista Pátria?!

Digo isto, pois se torna substancialmente contraditório ir às ruas de segunda a sábado, e tirar uma folguinha todo domingo para acompanhar de praxe aqueles brasileiros de países estrangeiros levantarem uma taça individualmente monetária.

É como se toda a raiva, toda a revolta contida semana a semana fosse subtraída em nome de um prazer sem quaisquer precedentes.
Não que eu seja contra a alegria de celebrar o que nos faz feliz; mas, de que adianta se manifestar em algo, que no fim em nada vai te acrescentar?!


Sinceramente, eu me recuso, pelo menos neste momento, em que todos parecem (digo apenas parecem!) dar as mãos, em nome de um ideal maior, a solenizar o decorado discurso ,que num país cansado de tanta opressão, situações como estas é que nos fazem nos sentir melhor.

Não é digno mascarar nossos usurpados ideais por tão pouco! Não é inteligente fazer uso de uma contraposição tão mesquinha para mais de 70 milhões de brasileiros. Afinal, será que é por aí mesmo que respeitaremos nossa quase obscura dignidade?!

Longe de tentar ser a estraga prazer desta ridícula festa, a grande verdade é que de nada vale tanta garganta arranhada de tanto gritar por justiça, nem tampouco tanta dor no corpo pelo castigo da mandada polícia se não vestirmos de fato aquela nossa corajosa camisa.
Pior que não vencer o campeonato é ter que conviver com o deboche de quem só lucra com a nossa abundante desgraça!


E viva a infame tabela do torneio! :/


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