sexta-feira, 13 de abril de 2012

Déjà vu no cinema

Quando os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière tiveram a grande ideia de filmar, e logo em seguida exibir em público no Salão Grand Café, em Paris, imagens da chegada de um trem à estação da cidade onde moravam (Besançon), eles só pensavam em uma coisa: inovação.

De lá para cá já se passaram mais de cem anos, e muita coisa mudou no universo cinematográfico. Foram saltos significativos, tanto no que se refere à quantidade de pessoas que começaram a se interessar pela nova arte, como pela qualidade das películas que com o passar do tempo foram sendo aprimoradas a tal ponto que atualmente algumas delas chegam a nos confundir de uma maneira que às vezes não sabemos distinguir o real do imaginário.

E, é com essa visão transformadora que toda semana somos convidados a nos projetar às salas de cinema, e assistir a filmes até então ainda não exibidos. Mas, parece que alguns diretores “andam” meio sem imaginação, e para não ficarem de fora do mercado de Hollywood decidiram copiar descaradamente um de seus filmes.

Como é o caso do diretor canadense James Cameron que agora usando do formato 3D quer nos fazer acreditar, e o pior, nos fazer gastar os poucos “trocados” separados para o momento da diversão do fim de semana para assistirmos a um filme que já foi reprisado até na famosa “Sessão de Gala”. 

Ah! Fala sério?! Nada contra este grande gênio do cinema que já dirigiu excelentes filmes como “O exterminador do futuro”; “O exterminador do futuro 2 – O julgamento final”; “Aliens – O resgate”; sem falar no melhor de todos (em minha opinião!): “Avatar”. Porém, ir ao cinema só para acompanhar mais uma vez o fictício drama do casal Rose e Jack, em meio aos fatos reais que aconteceram entre os 1500 tripulantes do imenso Titanic, e o que é pior: ter a nítida sensação de está me afogando junto nesta estória é demais para mim como expectadora.

Em tempos de crescimento de cinema brasileiro com qualidade, nada melhor que investir no talento tupiniquim de cineastas como Cao Hamburguer, que tendo em sua bagagem produções como “O ano em que meus pais saíram de férias”; “A garota das telas”; “Castelo rá-tim-bum, o filme”; agora nos presenteia com o inédito (vale lembrar!) “Xingu”.

Bem diferente da repetitiva, e por vezes até cansativa trajetória da estória de Cameron, o filme de Hamburguer que é narrado em terra firme conta a saga também verídica dos irmãos Villas-Bôas, que foram os principais idealizadores no ano de 1961, do Parque Indígena do Xingu, considerada a primeira reserva do gênero homologada pelo o nosso governo federal.

Com um elenco talentoso e não menos importante dos que aqueles que chegam de fora do nosso país, atores como Caio Blat, Maria Flor e Felipe Camargo prometem empolgar o público, e principalmente manter vivo o espírito imaginário que surgiu graças à vontade de arriscar dos irmãos Lumière.

Um comentário:

Pietro disse...

Muito bom o texto! A atual falta de criatividade do cinema americano é uma realidade. Prova disso são inúneros heróis ressuscitados na tela grande.