Não há menor dúvida que entre os produtos que já
foram criados no Brasil, a novela é o que possui o maior destaque. Conhecida
por suas grandes produções, esse entretenimento faz sucesso não só entre os
espectadores do lado daqui, como também entre os “noveleiros de plantão” do
resto do mundo.
Desde a exibição do primeiro folhetim na década de
cinquenta até os dias atuais, muita coisa já mudou na teledramaturgia
brasileira. Foram progressos significativos que acabaram pontuando de forma
positiva todos aqueles envolvidos nessa nova arte.
Com temas polêmicos, tendências na moda e
comportamentos diferenciados, as nossas produções sempre buscaram acompanhar a
evolução social, política e financeira de nosso país. No entanto, no meio de
tanta transformação há de se perceber que foi mantida, e por vezes até
atrofiada a imagem de determinados grupos de seu próprio povo.
Digo isso, pois desde que me entendo por gente nunca
assisti nenhuma novela onde o nordestino não fosse caracterizado como alguém
grosso, burro, violento e desbocado.
Sem contar no velho modo de falar que esses
repetitivos caricatos personagens insistem em se apresentar toda vez que são
mencionados na trama. É como se um nordestino do Ceará fosse exatamente igual
ao nordestino de Pernambuco, e assim seguisse no mesmo padrão todo o resto dos
demais estados do nosso Nordeste.
Esse tipo de imagem que a televisão recria
erradamente sem perceber coloca em risco toda a verdadeira cultura e costumes
enraizados de nossa gente. E o que é pior: ela nos impede de nos vermos, e
sermos vistos também como seres educados, inteligentes, pacíficos, e acima de
tudo capazes de conseguir manter um bom nível de conversa sem precisar apelar
para um linguajar xucro.
Construir personagens
estereotipados não garante sucesso em horário nobre, mas alimenta preconceitos
de visões distorcidas de quem se quer sabe entreter seu próprio público.
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